sábado, 12 de maio de 2007

Contas à vida...

Malas feitas, tudo à porta, pronta para partir.

Amanhã os últimos detalhes, as últimas despedidas...apetecia-me ir a Lisboa à Mouraria e despedir-me da Rua da Palma onde nasci e gritar à minha cidade do fado que a amo de paixão. Vou voltar Lisboa! Vou voltar a cantar o fado ctg...e sempre que em terras de Sua Majestade vir passar um electrico na Tv vou chorar por ti, e qdo vir um pombo (se lá houver, sei que há corvos, pombos n sei...) vou recordar as vezes que fui dar milho aos pombos na Praça da Figueira...com o meu avô pla mão e levo os meus fados todos cmg, e as velhinhas do V. Espadinha pra "recordar e viver" tudo o que fui estes 30 anos (Vinte e dez!).

O entusiasmo tb existe, apesar de ter estado mais melancólica do que outra coisa, enquanto tirava das prateleiras a que limpei o pó milhares de vezes os meus livros, os meus CDs, os brinquedos dos meus filhos, as fotografias...Deixei só uma aqui na parede da sala, pq sinto que pertence à casa: a do casamento dos meus pais, com os meus 4 avós ao lado...a foto é a preto e branco, naturalmente, na moldura original, com 35 anos, dourada e com revelos...linda e cheia de significado. Aquelas 6 almas são a minha raíz, a minha origem...sempre q a olho, perco-me no olhar do meu avô, o meu 1º grande amor...a pessoa de que tive saudades mais vezes na minha vida. N passa um dia sem te ame avô! Nem um! Tenho tantas saudades, tantas que ainda me dói o peito, cm se tivesses partido ontem...e ja passaram 20 anos desde que te perdi! Saudades da tua mão grande na minha, qdo me ías buscar à escola e me levavas à Gatuxa a comer um pastel de nata, ou então qdo ía ctg ao Ribatejano comer um prego naqueles bancos de balcão tão altos que tinhas de me levantar ao colo pra me sentares neles...ao qdo íamos com os meus pais ao Ramiro comer umas gambas gordas que descascavas pra mim...(mto comíamos nós!). De ti tenho a saudade, o amor tão intenso cm se estivesses vivo, o cheiro da tua pele no meu nariz...todas as historias que me contaste, as prendas que me deste qdo passei para a 2ª classe e me fizeste sentir uma princesa, a imagem nitída dos teus olhos verdes e amarelos tão parecidos com os da mãe...e tenho os caracois em que se transformaram de desgosto, no dia em que partiste, os meus cabelos outrora lisos, e q deste que foste embora me enfeitam a cabeça, cm se a revolta pla tua partida os tivesse alvoraçado para sempre...No fundo avô és um simbolo de tudo o que deixo pra trás...a minha cidade, a minha família. Vou sobreviver, cm sobrevivi qdo deixaste de esperar por mim no fim das aulas, mas n sem dor...

Vou vindo escrevinhar, até pq será uma maneira de tb me sentir proxima de tudo o que agora deixo...pareço dramática até a mim, mas isto depois passa, até porque quem me importa vai importar-me sempre!

De resto e como nunca antes, Aqui vou eu!

No proximo post, venho a falar inglês!

Ai Mouraria...